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NABOKOV-L SIGHTING VerĂssimo an d Nabokov, once again:"Motheer T ongue"
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A lĂngua materna - cultura - Estadao.com.br
25 jul. 2010 ... Luis Fernando Verissimo - O Estado de S.Paulo ... O primeiro notável a abandonar sua lĂngua materna e adotar, e dominar totalmente, ...
www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100725/not_imp585732,0.php
Luis Fernando Verissimo: A lĂngua materna
25 de julho de 2010 | 0h 00
excerpts: "Franz Kafka escreveu no seu diário que nunca tinha amado a sua mĂŁe como ela merecia por causa da lĂngua alemĂŁ. 'A mĂŁe judia nĂŁo Ă© uma 'mutter', escreveu ele. ...Kafka escrevia em alemĂŁo. A lĂngua do seu cotidiano era o checo. A lĂngua da sua mĂŁe era o iĂdiche. AlĂ©m de tudo o mais que representa para a literatura moderna, Kafka foi o primeiro a falar do estranhamento com a lĂngua materna, que no fim Ă© um estranhamento com toda linguagem, que acomete quem a abandona. Escritores escrevendo na lĂngua que nĂŁo era a da sua casa foi uma constante do sĂ©culo. Foi Kafka quem, no sĂ©culo dos exĂlios, definiu uma das suas formas: o exĂlio em outra lĂngua. Na qual ninguĂ©m se sentia em casa com sua "mutter" e talvez por isso tenham criado o que criaram... O primeiro notável a abandonar sua lĂngua materna e adotar, e dominar totalmente, outra foi Joseph Conrad, o polonĂŞs que acabou como um dos grandes estilistas do idioma inglĂŞs. Muito depois, o exemplo mais notĂłrio desta migração foi o russo Vladimir Nabokov...Nabokov tambĂ©m Ă© o melhor exemplo do estranhamento citado por Kafka e das suas consequĂŞncias literárias. Talvez nenhum outro escritor do sĂ©culo tenha usado a linguagem com a sua destreza e inventividade, frutos do estranhamento. SĂł quem chega adulto numa lĂngua estranha vindo de outra pode descobrir todas as suas possibilidades e brincar com todas as suas peculiaridades, como Nabokov fez com o inglĂŞs atĂ© beirar o preciosismo. No seu caso a lĂngua abandonada, a lĂngua da casa, era a de uma infância idĂlica na SĂŁo Petersburgo prĂ©-revolução, cujas lembranças sĂł alimentavam a mordacidade da sua linguagem no exĂlio...Samuel Beckett era um irlandĂŞs que escrevia em francĂŞs. Como no caso de Nabokov, isso tambĂ©m lhe possibilitou escrever numa linguagem pura, no sentido de intocada pelas tradições e pelos vĂcios acumulados da lĂngua da infância...Para Beckett o estranhamento sĂł trouxe a angĂşstia da impossibilidade de nos comunicarmos, em qualquer lĂngua. Jorge Luis Borges transitou por todas as lĂnguas, por todas as literaturas e por toda a HistĂłria, sem contar as partes que ele mesmo inventou. Mas escrevia na lĂngua da sua infância. E depois da cegueira, quem lia para ele era sua mĂŁe. Borges tinha a lĂngua e a voz maternas com ele, portanto. O seu nĂŁo era um exemplo de estranhamento kafkiano. Ou era um estranhamento que Kafka invejaria."
A very inapt translator, I'll only offer only a few lines in English:
"Kafka wrote down in his diary that he didn't love his mother as well as she deserved because of the German language."A Jewish mother isn't a 'Mutter', he said. Kafka wrote in German. His everyday language was the Czech. His mother's tongue was the yiddish... Kafka was the first to speak about an estrangement of his mother tongue...an estrangement that arrives to anyone who abandons this language. ...In a century of exiles, it was Kafka who defined one of its forms: the exile into another language. A language in which nobody could really feel at home like staying close to his "mutter"... Nabokov is one of the best examples of the estrangement mentioned by Kafka and of its literary consequences. In his case the abandoned language, the home-language actually was his idyllic childhood in pre-revolutionary St.Petersburg..."

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Contact the Editors: mailto:nabokv-l@utk.edu,nabokv-l@holycross.edu
Visit Zembla: http://www.libraries.psu.edu/nabokov/zembla.htm
View Nabokv-L policies: http://web.utk.edu/~sblackwe/EDNote.htm
Visit "Nabokov Online Journal:" http://www.nabokovonline.com
Manage subscription options: http://listserv.ucsb.edu/
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Luis Fernando Verissimo: A lĂngua materna
25 de julho de 2010 | 0h 00
excerpts: "Franz Kafka escreveu no seu diário que nunca tinha amado a sua mĂŁe como ela merecia por causa da lĂngua alemĂŁ. 'A mĂŁe judia nĂŁo Ă© uma 'mutter', escreveu ele. ...Kafka escrevia em alemĂŁo. A lĂngua do seu cotidiano era o checo. A lĂngua da sua mĂŁe era o iĂdiche. AlĂ©m de tudo o mais que representa para a literatura moderna, Kafka foi o primeiro a falar do estranhamento com a lĂngua materna, que no fim Ă© um estranhamento com toda linguagem, que acomete quem a abandona. Escritores escrevendo na lĂngua que nĂŁo era a da sua casa foi uma constante do sĂ©culo. Foi Kafka quem, no sĂ©culo dos exĂlios, definiu uma das suas formas: o exĂlio em outra lĂngua. Na qual ninguĂ©m se sentia em casa com sua "mutter" e talvez por isso tenham criado o que criaram... O primeiro notável a abandonar sua lĂngua materna e adotar, e dominar totalmente, outra foi Joseph Conrad, o polonĂŞs que acabou como um dos grandes estilistas do idioma inglĂŞs. Muito depois, o exemplo mais notĂłrio desta migração foi o russo Vladimir Nabokov...Nabokov tambĂ©m Ă© o melhor exemplo do estranhamento citado por Kafka e das suas consequĂŞncias literárias. Talvez nenhum outro escritor do sĂ©culo tenha usado a linguagem com a sua destreza e inventividade, frutos do estranhamento. SĂł quem chega adulto numa lĂngua estranha vindo de outra pode descobrir todas as suas possibilidades e brincar com todas as suas peculiaridades, como Nabokov fez com o inglĂŞs atĂ© beirar o preciosismo. No seu caso a lĂngua abandonada, a lĂngua da casa, era a de uma infância idĂlica na SĂŁo Petersburgo prĂ©-revolução, cujas lembranças sĂł alimentavam a mordacidade da sua linguagem no exĂlio...Samuel Beckett era um irlandĂŞs que escrevia em francĂŞs. Como no caso de Nabokov, isso tambĂ©m lhe possibilitou escrever numa linguagem pura, no sentido de intocada pelas tradições e pelos vĂcios acumulados da lĂngua da infância...Para Beckett o estranhamento sĂł trouxe a angĂşstia da impossibilidade de nos comunicarmos, em qualquer lĂngua. Jorge Luis Borges transitou por todas as lĂnguas, por todas as literaturas e por toda a HistĂłria, sem contar as partes que ele mesmo inventou. Mas escrevia na lĂngua da sua infância. E depois da cegueira, quem lia para ele era sua mĂŁe. Borges tinha a lĂngua e a voz maternas com ele, portanto. O seu nĂŁo era um exemplo de estranhamento kafkiano. Ou era um estranhamento que Kafka invejaria."
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"Kafka wrote down in his diary that he didn't love his mother as well as she deserved because of the German language."A Jewish mother isn't a 'Mutter', he said. Kafka wrote in German. His everyday language was the Czech. His mother's tongue was the yiddish... Kafka was the first to speak about an estrangement of his mother tongue...an estrangement that arrives to anyone who abandons this language. ...In a century of exiles, it was Kafka who defined one of its forms: the exile into another language. A language in which nobody could really feel at home like staying close to his "mutter"... Nabokov is one of the best examples of the estrangement mentioned by Kafka and of its literary consequences. In his case the abandoned language, the home-language actually was his idyllic childhood in pre-revolutionary St.Petersburg..."

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